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Não se altera uma Nação sem se alterar o Cidadão (Jeep; F84)

07/06/2020 - Por alberto nagib vasconcellos miguel
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Opiniões das mais diversas correntes políticas e econômicas têm sido propaladas aos quatro ventos, com o intuito de se justificar uma ou outra ação da oposição ou do governo em relação aos problemas que o Brasil tem enfrentado nos últimos anos. 

De um lado a retórica já batida de que tudo o que é contra esse governo é culpa da esquerda, do comunismo, do Lula, do PT e da Globo (acho que agora estão incluíndo outras emissoras no rol das  "não assistíveis"). Acordem, esse povo em quem insistem em jogar a culpa já saiu do governo há 5 anos. Chega!

De outro, o lento e gradual processo, por parcela da população, de entender que o que se vê no poder hoje é muito mais uma aversão a um partido que traiu o país e milhões de brasileiros do que, verdadeiramente uma "carta branca" a esse grupo que se apoderou do Executivo, Judiciário e Legislativo. Oposição a um partido que, apesar de ter trazido bonança a muitos milhões de brasileiros, naufragou nas impropriedades, improbidades e inevitáveis ganâncias que assolam todo e qualquer governo que se apresenta como novo em nosso país. 

O governo atual não é diferente. Me desculpem os que esperam deste "novo" algo diferente. Não é por que não quero que o Brasil dê certo, muito pelo contrário. Rezo para que o país se encontre, que o país cresça e apareça. Que o país tome o rumo do desenvolvimento e que deixe de ser, como eu ouço a 50 anos, o país do futuro e passe a ser O país, do presente, assim mesmo, com "O" maiúsculo. Mas é pelo fato de que temos uma população dividida. 

Se nada falta ao país para que se torne o gigante desperto (enquanto ainda adormecido), qual é essa pílula para dormir que nos foi dada a tanto tempo e que, simplesmente, não nos deixa acordar? O que nos mantém  economicamente, sociologicamente e politicamente desequilibrados, mesmo cônscios que somos de nossas vulnerabilidades? 

Por que nos mantemos divididos, discutindo situações criadas claramente com o intuito de desviar nossas atenções do que realmente ocorreu, ocorre e vai ocorrer com nossa sociedade, com nossa condição e com nossas divisas, mesmo quando podemos enxergar que toda essa  balbúrdia aparente entre as nossas instituições e poderes é apenas fumaça para encobrir algo maior: a nossa falta de educação, a nossa falta de estrutura, a nossa falta de responsabilidade e a nossa falta de ética como sociedade? 

Esqueço também, da nossa falta de memória: lembram-se  das manchetes dos jornais de há apenas alguns anos atrás, quando do "impeachment" da Dilma (assim mesmo, entre aspas: como explicar o melindroso acordo entre as partes para que ela saísse muda e calada, mantendo toda a sua estrutura castelar e seus direitos politicos... isso mesmo! Pode concorrer, senhora Presidenta! Deixa que agora nós tomamos conta do barraco). Os mesmos personagens que atuam hoje atuavam naquele momento. A diferença, agora, é que estão do "lado oposto" ao grupo que tomou o Brasil.

Ou dos acertos entre o PT e o PMDB com o Centrão? Esse mesmo, o Centrão que hoje já está "agraciado" com 320 cargos comissionados pelo Presidente que NUNCA iria trocar cargos por favores políticos? Aqui vai, essa semana, mais um, a Telebrás. 

O que escrevo, para alguns, pode parecer apenas mais uma diatribe de um brazuca socialista despeitado e, para outros, de um brasileiro capitalista revoltado. Mas é apenas a minha forma de expressar o que está no âmago de toda esta questão: nós precisamos mudar nós mesmos enquanto cidadãos porque nós somos a Nação. Juntos e todo mundo misturado. Não existe nação se a sociedade não estiver unida em torno de objetivos comuns. 

O exercício da cidadania passa pela lista de direitos e obrigações de cada um de nós. E o respeito a ela. Quão desrespeitosa é a atitude de Lula e de Bolsonaro em relação aos seus adversários políticos? Quão desrespeitosa é a atitude de cidadãos engajados em movimentos políticos ou que têm tendências de direita ou de esquerda quando discutindo seus valores?

Quem, de verdade, nesse mundo do Twitter, Facebook, e outras tantas mídias sociais, está de fato preparado para um debate? Se continuarmos baseando nossas decisões nas notícias dessas mídias, viveremos em um mundo com menor profundidade de debate, de capacidade crítica e de análise. Falar que se é contra ou a favor de algo não é suficiente, se você não é capaz de debater sem dogmatismo por mais de 10 minutos. 

Quão profundas são as crenças da nossa sociedade em uma Nação Soberana, se o que vemos é apenas cópia da cópia da cópia de atitudes tomadas por mandatários de outras nações sendo traduzidas para a nossa realidade? Onde estão, meus colegas, nossos valores, nossa cultura, nosso folclore, nosso respeito mútuo, nossa indignação coletiva? 

A população brasileira está sendo arrastada para uma discussão tacanha, mesquinha e sem direção, levada ao bel prazer das partes interessadas em mais poder, sem atentar para o fato de que, uma vez mais, nossas riquezas e nossas crianças se esvairão pelos dedos das mãos estendidas ao céu para pegar migalhas despejadas por esses poucos, ignorando que poderíamos estar nós mesmos amassando o pão, matando nossa fome. 

É hora de agirmos como uma Nação. É hora de determinarmos o que queremos ser, como queremos ser vistos e como chegaremos lá. Como mosqueteiros. Um por todos e todos por um. Não podemos mais deixar que a Nação seja manuseada por grupelhos, alijada de seu bem maior, seu cidadão e sua cidadania. Vamos todos nos comprometer ao bem comum. Vamos todos empreender no sentido de melhorar as coisas para a próxima geração. Deixemos de lado a hipocrisia da política de carteirinha, vamos assumir a política do bem estar de todos.

Assim, quando conseguirmos alterar o Cidadão, seremos uma Nação.


*Alberto Nagib de Vasconcellos Miguel (Jeep; F84) Engenheiro Agrônomo, possui Mestrado lato sensu em Perícias de Engenharia e Avaliações, trabalha com Agropecuária Sustentável, com ênfase em Manejo Sustentável de Pastagens e Produção Animal Sustentável. Atualmente mora em Calgary no Canadá desde 2004, esta pelo Brasil difundindo Gerenciamento Holístico. Foi Representante Discente no Departamento de Física, Ex-morador das Repúblicas Curral e Arado.

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