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Eleições: Quem está sendo enganado ? (Big-Ben; F97)
05/10/2022 - Por mauricio palma nogueiraAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Um trecho da participação de Guilherme Boulos no programa Roda Viva, da TV Cultura, deixa explícito algo que qualquer pessoa mais atenta já percebeu. Novamente, a eventual vitória do PT nas eleições estará alicerçada em uma mentira para ludibriar parte dos eleitores. Foi assim em todas as suas vitórias; umas mais escancaradas, outras menos.
Depois de uma hora e vinte e quatro minutos de programa, Boulos discorre sobre a presença de Geraldo Alckmin na chapa, deixando claro que sua participação é meramente figurativa para representar democraticamente as forças do movimento anti Bolsonaro.
Segundo Boulos, o deputado federal mais votado no estado de São Paulo, nenhuma das ideias liberais - nas palavras dele - do Alckmin estão sendo consideradas no plano de governo.
O argumento até faria sentido se o Alckmin representasse um grande capital eleitoral, coisa que não é verdade. O ex governador de São Paulo praticamente desapareceu do cenário político depois de seu péssimo desempenho nas eleições presidenciais de 2018, conquistando apenas 4,8% (pouco mais de 5 milhões) dos votos no primeiro turno, então candidato pelo PSDB. Retorna agora, filiado ao PSD, e candidato a vice-presidente na chapa do Lula, PT.
Junto com José Serra e Aécio Neves, Geraldo Alckmin foi um dos três nomes que enfrentaram o PT nas eleições de 2002 a 2014. Alckmin (2006), Serra (2002 e 2010) e Neves (2014) foram os últimos candidatos do PSDB a perderem em um segundo turno. Sendo assim, desde 2006, Alckmin não se apresenta nacionalmente, com sucesso, entre os principais adversários do PT. Dentre os oponentes viáveis, é o mais distante na memória da população brasileira.
Em 2022, tanto José Serra, como Aécio Neves, foram candidatos a deputado federal por seus estados. José Serra, com 88,9 mil votos, não foi eleito em São Paulo. Aécio Neves, com 85,3 mil votos, foi eleito por média do partido em Minas Gerais. Em outras palavras, foi favorecido por votos de outros candidatos. Diferente de Alkmin, ambos não se afastaram do cenário político, embora suas atuações tenham sido medíocres.
Diante disso, com muita boa vontade, é possível estimar que o capital eleitoral de Geraldo Alkmin não reúna, atualmente, mais de 1 milhão de votos. Claramente, o candidato a vice-presidente não foi colocado lá como um ativo eleitoral.
Sua participação na chapa tem o objetivo de gerar confiança em torno da candidatura do Lula. Trata-se de uma reinvenção daquela carta ao povo brasileiro, assinada em 2002, que hoje o lulo-petismo faz questão de fingir que não existiu.
E nisso Alckmin tem tido algum êxito, por mais que o bolsonarismo se esforce em negar. Mesmo com discursos extremistas e radicalmente contrários a tudo que deu certo na economia dos últimos quase 30 anos, Lula tem conseguido apoio de profissionais (economistas, empresários, lideranças, juristas, etc.) que nunca aceitariam uma agenda similar à que está levando a Argentina à bancarrota.
Alkmin não atrai votos, mas acalma aqueles que tem condições de influenciar e abrir caminhos para que Lula navegue em um mundo imaginário em que ele não tem responsabilidade alguma sobre a situação que o Brasil chegou, seja do ponto de vista eleitoral, seja do ponto de vista econômico entre os anos de 2015 e 2016.
Naquele período, por conta das decisões erradas de anos de má gestão, o empobrecimento da economia brasileira foi quase o dobro do que foi registrado em 2020, ano em que as atividades econômicas foram praticamente paralisadas durante a pandemia.
A importância eleitoral da presença do Alkmin na chapa é, portanto, fundamental para o Lula. O PT perdeu três eleições com o mesmo discurso de hoje. Duas dessas eleições em primeiro turno. Analisando o discurso do Lula em 2022, a presença do Alkmin, é a única variável diferente entre essa eleição e as outras três perdidas por ele (1989, 1994 e 1998).
A agora, a menos de um mês do segundo turno, Guilherme Boulos deixa claro que alguém está sendo enganado.
Resta saber quem será a grande vítima do estelionato. Os eleitores tradicionais do Lula, adeptos a uma agenda de suicídio econômico que já destruiu diversas nações, ou os eleitores que buscam uma opção aceitável para retirar Bolsonaro do poder?
E Boulos não parou por aí. Logo depois de falar de Alkmin, também deixou claro o que representa a presença do Henrique Meirelles naquela foto em apoio ao candidato.
"As posições econômicas que o (Henrique) Meirelles defende são contrárias às posições econômicas que estão no plano de governo do Lula... O plano de governo do Lula é a revogação do teto. O Meirelles fez o teto. O plano de governo de Lula é a revogação da reforma trabalhista. Meirelles fez a reforma trabalhista." (Guilherme Boulos, Roda Viva, TV Cultura, 03/10/2022).
Observe que suas falas expõem o risco de fracasso econômico retumbante de um eventual governo Lula. Se assim estiver no plano de governo, que está em segredo, não se trata de um risco, mas sim de certeza.
Boulos fala pelo Lula? Não se sabe. Mas já sabemos que a cúpula da campanha dirá que não. Claro, ainda mais agora que estão em busca de eleitores para vencer o segundo turno.
A resposta sobre quem está sendo enganado, de fato, será dada por Lula. Ele conseguiu colocar toda a esquerda brasileira a serviço dele. É algo impressionante, a ser estudado. Um verdadeiro déspota.
Mesmo assim, ainda há uma grande chance de que o próprio Boulos esteja entre o grupo que será vítima desse novo estelionato.
Lula fará 77 anos alguns dias antes do segundo turno. Tem um patrimônio considerável - sem incluir o que ele ainda esconde da justiça - e um desejo enorme de tentar maquiar a sujeira que sua trajetória política deixou pelo caminho. Terá que governar diante de um congresso extremamente hostil e parte de uma imprensa que quer acreditar, "negacionisticamente", em sua inocência.
Quais serão os enganados?
Façam suas apostas! Ou evitem pagar para ver.
Maurício Palma Nogueira (Big-Ben, F-97) é engenheiro agrônomo, sócio da Athenagro, coordenador do Rally da Pecuária, ex-morador da República Jacarepaguá