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Depois da tempestade vem a bonança (Vavá; F66)

15/04/2020 - Por evaristo marzabal neves
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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É o que diz o ditado popular. No meu julgamento, dependendo da intensidade, longevidade e prolongamento de prazo para o "day after" à passagem da tempestade Covid - 19, a bonança tardará, pois o que deixará em seu rastro poderá levar bom tempo para os reparos e ajustes necessários a um estado de aparente normalidade. Esta tempestade tem um espectro bem amplo, pois atinge, desestrutura e desequilibra seres humanos, no seu estado físico e principalmente na saúde mental, com desajustes regionais em termos técnicos, sociais e econômicos, por se tratar de uma pandemia mundial.

Com certeza a economia mundial será atingida abruptamente pela tempestade Covid - 19, o que já vem ocorrendo. Previsões delineadas em fins de 2019 sobre o crescimento mundial estão caindo por terra. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projetava um crescimento de 3,4% da economia mundial em 2020 e agora, segundo relatório divulgado em 14/04, estima que a economia global vá sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 1929 (tombo de mais de 6% no comparativo da estimativa de fim de 2019 com a atual) e maior do que a registrada na crise de 2008. Neste relatório, o Fundo Monetário Internacional estima que a economia brasileira deva ter queda de 5,3% em 2020 (O Banco Mundial projeta em -5,0%, relatório de 12/04). O efeito contágio ("espirro em um país - China, provoca pneumonia em outros") se faz presente no momento, pois o FMI projeto para 2020, tomando como exemplos os países ricos, emergentes e em desenvolvimento, crescimento no PIB para a China (1,2%) e negativo em outras regiões como a Zona do Euro (- 7,5%), EUA (- 5,9%), Alemanha (- 7,0%) e França (- 7,2%). Enfatiza que os mais prejudicados serão os países em desenvolvimento e, em nosso caso, sofre ainda os impactos da leve recuperação da economia na atualidade que passa, ainda, por correções e ajustes diante do "efeito transmissão" advindos do período recessivo que começou no 2º trimestre de 2014 e terminou no 4º trimestre de 2016 (em 2015, PIB = -3,8% e -3,6% em 2016, segundo o IBGE).

O relatório enfatiza ainda que a "queda do Brasil será maior até que a do restante da América Latina e Caribe (-5,2%), e a retomada do país será também em ritmo mais baixo na comparação regional...sendo que a discrepância se dá porque o Brasil foi atingido por vários choques, com problemas  de baixo crescimento que vem desde antes da pandemia e outras crises domesticas". Alerta também, que as "estimativas podem mudar a depender da evolução da pandemia" e, quanto mais duradoura e continua for esta queda no PIB pode caracterizar, para alguns países, a passagem da recessão para um estado de depressão econômica, definida como "um longo período advindo de insolvências, inadimplências e numerosas falências de empresas, crescimento anormal de desemprego já elevado, escassez de crédito, baixos níveis de produção e investimentos".

Se confirmadas as projeções do FMI (Relatório de 14/02, PIB = -5,3%) e  de Banco Mundial (Relatório de 12/04, PIB = -5,0%), qual sua repercussão para o Estado de São Paulo e, em particular, para a USP e ESALQ? O PIB regional deverá cair acompanhando a queda nacional, ainda mais se forem contabilizados os efeitos do isolamento social e quarentena estendida até 22 de abril pelo Governo Estadual com implicações na queda do recolhimento do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e intermunicipal e de Comunicação), com a proibição de abertura de estabelecimentos não essenciais, redução na produção industrial, no comércio, no combustível, em bebidas e outros bens.

O que tem a ver a USP com a redução do recolhimento deste imposto estadual? Reza a legislação que "As Universidades Públicas em São Paulo são mantidas com o repasse de 9,57% (5,03% à USP) da cota-parte do Tesouro estadual do ICMS, sendo que a cota-parte do Estado equivale a 75% da arrecadação e os restantes 25% são distribuídos entre os municípios". Sendo uma cota fixa (9,57%) da arrecadação do ICMS, a esperada redução mensal neste recolhimento reflete no caixa das Universidades Estaduais, cuja aplicação é destinada a pagamentos de salários e das aposentadorias, dívidas, manutenção de instalações, compras e investimentos.

É neste cenário que reforço a necessidade da ADEALQ e outros organismos associados à ESALQ, entre eles a FEALQ e o PECEGE, no fortalecimento das parcerias fornecendo subsídios e apoio à gestão do Campus Luiz de Queiroz. Já colaboram e muito, mas neste momento recessivo, que não se tem ideia de seu término, é fundamental um esforço conjunto na revisão do planejamento de atividades compromissadas. Neste cenário, será fundamental "apertar os cintos" e eleger prioridades.

Quem conhece nossa memória vitoriosa sabe que ultrapassamos momentos difíceis e conturbados de nossa história. Vamos completar 120 anos de fundação e chegamos são e salvos até os dias de hoje. Do sonho à realidade, do ideal de Luiz de Queiroz à sua preservação e manutenção. Aliás, temos sugerido que todos ingressantes e novos docentes contratados leiam (deveria ser compulsório) a história e saga de Luiz de Queiroz para realizar seu sonho educacional e a trajetória (linha do tempo) de nossa Escola afim que desenvolvam, de saída, o sentimento de pertencimento e a vontade hercúlea de perseguir, manter e conservar nossa missão vitoriosa, compartilhada com o sentimento de gratidão.

A ESALQ é bem maior do que podemos imaginar. Ao longo desses 120 anos, entre outros acontecimentos históricos, passou pela 1ª Guerra Mundial (28/07/1914 a 11/11/1918); Revolução Constitucionalista de 1932 (primeira e única guerra do Brasil perpetrada); 2ª Guerra Mundial (01/09/1939 a 02/09/1945); Movimento Militar de 1964 (31/03/1964 a 15/03/1985). A cada tempo, foi em frente com seus professores, alunos e funcionários, não esmorecendo e mantendo sempre altaneiro os ideais de Luiz de Queiroz.

Neste momento tempestuoso, que tipo adicional de participação os ex-alunos, incorporados à ADEALQ, podem oferecer ao nosso Campus? Recorrendo ao nosso site, e particularmente no Sócio Mantenedor, verifica-se que no "Destino dos Recursos", 10% são direcionados ao Programa de Permanência Universitária "Valdomiro Shigueru Miyada" (em atividade e de grande valia e importância para manutenção de alunos cotistas e de outros com dificuldades econômicas para permanência) e 5% à AAALQ (Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz). Neste último, abrindo um parêntese, o nosso Ginásio de Esportes foi recentemente pintado (as paredes externas estavam em estado visual lamentável) e o Prof. Roberto A. de Souza Lima (Kapão, F-85), atual Prefeito do Campus, informou que a ADEALQ viabilizou a doação de tinta (Suvinil, oferecida por um ex-aluno) e a reforma, mão de obra e demais gastos foram por conta da Prefeitura do Campus. Feliz parceria, ainda mais se lembrarmos de que desde 2017, a Sessão Solene de encerramento da Semana Luiz de Queiroz, antecedendo o churrasco, tem sido em nosso Ginásio. Informou, ainda, que a doação foi um caso isolado, independente dos mantenedores. Parabéns à ADEALQ e a este ex-aluno, clara demonstração do sentimento de gratidão à nossa escola mãe.

Em parte, o Programa Sócio Mantenedor vem colaborando com a direção da ESALQ. Mas somos ainda pouquissimos. É preciso, com urgência, arregimentar um número maior de sócios mantenedores, de forma individual ou em grupo como fez recentemente os formados em 1991 (F-91). Neste sentido, recomendo a leitura e reflexão do artigo do Sergio Silva Barros (Kratera) do grupo F-91, inserido em nosso blog em 08/04 passado, com o título: "Coletividade! E aí? Vamos nos mobilizar? Projeto bolsa adealq". Louvor e palmas para os F-91, atitude comprobatória do autêntico "sentimento de gratidão" à Escola que lhes abriu as portas, os treinou, os educou e os capacitou para o mercado (público, privado e terceiro setor, domestico e internacional, academia, institutos de pesquisa, etc.) ao "day after" à colação de grau.

Em meu artigo "Sentimento de pertencimento e sentimento de gratidão" (inserido em nosso blog em 30/10/2019) concluo que Sócio Mantenedor = Filho(a) DE Luiz de Queiroz + sentimento de pertencimento + sentimento de gratidão. Assim espero com a adesão em massa de novos sócios mantenedores.

Neste instante, um grito de guerra se faz presente: Ex-Alunos Filhos DE Luiz de Queiroz, uni-vos! Uni-vos em torno da ADEALQ se filiando à corrente de sócio mantenedor, pois esta união é de fundamental importância para a continuidade e fortalecimento dos ideais de Luiz de Queiroz. Será o despertar de que existe, em cada alma esalqueana, o sentimento de gratidão. Finalizando e reforçando esta missão vitoriosa: "unidos, venceremos; dividindo-nos, cairemos". Juntos, somos mais fortes; juntos, vamos mais longe e juntos podemos mais. Mobilizar é preciso. Somos uma permanente família unida. Assim seja!

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