O Hino da ESALQ

História e letra

História

Nos idos de 1975, voltei minha atenção para o fato de que, na ESALQ, conquanto tivéssemos diversos cânticos e gritos de guerra para eventos esportivos, não tínhamos um Hino que nos representasse como um símbolo.

O arquivo protocolar do HINO DA ESALQ contem um hino preparado por músicos da cidade, amigos da ESALQ, que não sensibilizou a comunidade esalqueana e passou despercebido ao longo dos anos.

Com a intenção de fazer uma tentativa para preencher a lacuna, embora não me considere um músico, pensei em colocar em prática algumas idéias sobre hinos. Deve ser curto, duas estrofes e um estribilho, para facilitar a memorização dos novos alunos. A melodia bem casada com a letra tanto na expressão melódica quanto na posição das vogais em relação às notas, por exemplo, evitar vogal em notas graves ou agudas. A letra deveria dar destaque à Escola quanto à sua razão de existir, colocando em destaque a missão de seus formandos.

Comecei lentamente, ao longo de semanas, no começo de 1976. Naquele ano, a comunidade esalqueana estava envolvida em muitas atividades relacionadas ao 75º. aniversário da ESALQ. No meio do ano anunciou-se a abertura do concurso para a escolha do Hino da ESALQ. Diante da possibilidade de haverem músicos e poetas interessados em participar, deixei de lado o meu projeto.

Nove obras foram inscritas e submetidas à comissão julgadora composta de maestros renomados de São Paulo. Esta parte da historia é uma encruzilhada com a história da ODE À ESALQ (ver história da ODE).

Todos os inscritos foram recusados, como consta nos arquivos, com a análise o julgamento de serem inadequados. A Comissão do Hino da ESALQ fez nova tentativa abrindo novo concurso para a escolha da letra para o HINO. Foram inscritos doze composições que, submetidas a uma comissão julgadora de professores e artistas de Piracicaba que, após critica das letras, por unanimidade também julgaram as letras impróprias.

O ano acadêmico de 1976 encerrou-se com a Sessão Solene de do Ano Jubilar e sem o Hino da ESALQ.

Voltei novamente minha atenção para o meu alvo. Gradativamente a linha melódica e letra foram sendo montadas frase a frase no quadro negro do laboratório de Física do Solo. Apenas o então aluno de Engenharia Agronômica, Nelson Amado Belo de Oliveira, graduado em 1981, acompanhou estimulando a criação do hino até o final em maio de 1978.

Aguardando alguma inspiração quanto a como prosseguir com o hino, em agosto desse mesmo ano mostrei-o ao grande amigo de longa data, Prof. Hélio de Almeida Manfrinato, do Dept. de Engenharia da ESALQ e maestro criador do Coral Luiz de Queiroz e da Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Ele deu-me dois presentes: a frase “eu deveria ter feito isto” e, no dia seguinte a transcrição das minhas bolinhas pretas no pentagrama para uma partitura completa para canto.

A oportunidade para colocar o hino em teste apareceu, acidentalmente, no final de novembro de 1978 ao receber a visita dos formandos José Carlos Neves Epiphanio e Marcos Hatiro Matsunaga. Os dois, representantes discentes na Congregação da ESALQ, estavam interessados em informações sobre os docentes que julgavam que eu as poderia dar. Houve uma ligeira discussão e troca de argumentos quando subitamente exclamei: ”Querem saber como animar esta Escola? Sentem e ouçam...”, -- falando tranquei a porta de minha sala –”... em primeira audição um hino para esta ESCOLA”.

Os dois, calados, ouviram o canto até o final que foi seguido da exclamação do Epiphanio: “Que cacetada!”.

O saudoso Prof. Walter Accorsi, espírita convicto, quando ouviu este relato disse: “Sem dúvida Luiz de Queiroz estava ali conduzindo essa cena até o final”.

E o final foi mesmo algo intrigante, pois num repente disse aos dois, Epiphanio e Hatiro: ”Num curso de quatro anos todo Diretor tem uma turma que entra e sai com ele, mas nem toda turma tem Diretor. A sua turma tem o Diretor Prof. Salim Simão, que entrou e sai com vocês. Sabiam disso? Pois bem, pretendem fazer alguma homenagem a ele?”

Diante da resposta negativa combinada com surpresa, disse:” Dou de presente para a sua turma este hino para cantarem como homenagem ao seu Diretor. Apresentem a idéia aos três cursos, em segredo e, se aceitarem, ensaiaremos o hino para cantá-lo ao final da cerimônia de colação de grau.

Assim foi feito. Nos anos seguintes enquanto o hino foi ganhando aceitação, tratou-se de preparar as partituras completas para piano, coral e orquestra sinfônica. Esses trabalhos foram realizados pelos Maestros Egildo Pereira Rizzi, Tonyan Khallyhabby e Nelson Vieira.

Em 1986, após a doação dos direitos autorais, o hino foi oficialmente incorporado ao patrimônio da ESALQ. A partir de então, com a denominação de HINO DA ESALQ é um dos cinco símbolos oficiais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo.

Melodia

Autor do vídeo: Tatu (André Arnaldi Petrosino) - Ano Parafuso.
Música: Hurt (Johnny Cash) - Acoustic Guitar Solo.
Trechos do Prof. Zilmar Ziller retirados da reportagem cedida por “Paisagem Humana do Lugar”.

Letra

A água, o sol e a terra
Existem com própria beleza.
As plantas, silentes e sempre,
sustêm o equilíbrio
dos ciclos da natureza.
Plantar, criar e conservar
A ESALQ existe p’ra ensinar;
Cumprindo missão vitoriosa.
Vem inspirar deusa Ceres,
os filhos da Gloriosa
que partem pelo Brasil,
a propalar de norte a sul,
cumprindo missão vitoriosa
Plantar, criar e conservar
A ESALQ existe p’ra ensinar,
Cumprindo missão vitoriosa.

Partitura

descrição heráldica do Hino da ESALQ como um dos seus cinco símbolos tem o seguinte texto:

O Hino da ESALQ resultou da combinação de uma cativante melodia, ponteada por passagens vibrantes, com um poema que reúne os componentes essenciais da natureza para a sobrevivência de humanos e animais, descritos de modo a anunciar, sucintamente, sua interação. A missão da gloriosa ESALQ e de seus egressos é cantada anunciando uma jornada vitoriosa.

O Hino da ESALQ foi apresentado pela primeira vez no dia 11 de janeiro de 1979, na sessão solene de colação de grau da turma de 1978. Foi cantado pelos formandos ao final da solenidade sob a regência do autor.

ZILMAR ZILLER MARCOS
F55